domingo, 8 de maio de 2011

Raio X da Pobreza em Alagoas: 62% da população é considerada pobre

62% dos alagoanos são considerados pobres e mais da metade se beneficia do Programa Bolsa Família

CadaMinuto inicia hoje uma série de cinco matérias feitas pela graduanda em jornalismo Juliana Duarte que faz uma análise sobre a assistência social em Alagoas, o trabalho que vai ser apresentado pela estudante como TCC começa hoje com um estudo sobre os aspectos sociológicos e econômicos dos indicadores sociais no Estado.
Veja abaixo:
De acordo com dados do Radar Social do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), 62% dos alagoanos são considerados pobres e mais da metade se beneficia do Programa Bolsa Família. Apesar dos baixos indicadores sociais, Alagoas vem evoluindo rapidamente desde os anos 90, quando mais avançou nas áreas de educação e saúde.
Segundo o economista Cícero Péricles, esse crescimento se deve aos investimentos na área social, principalmente no que diz respeito à educação e à saúde pública.
“Numa economia muito pobre como essa, quando mais da metade da população vive na pobreza e uma parte considerável na indigência, é evidente que a assistência social tem um papel decisivo”.
Apesar das melhorias significativas na área social, Alagoas, com índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de 0,677, ainda está longe de alcançar as médias nordestina e nacional, que são, respectivamente, 0,720 e 0,794. Isso se deve ao atraso na economia e na renda, visto que, segundo pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2009, dos nove estados nordestinos, Alagoas ocupa a sétima posição com Produto Interno Bruto (PIB) de 17.793, superando apenas os estados de Sergipe e Piauí, com 16.896 e 14.136, respectivamente.
Ainda segundo o IBGE, o PIB do Estado representa apenas 40% da média nacional, sendo também 20% menor que a média nordestina. Embora Alagoas esteja a frente de Sergipe e Piauí no que diz respeito ao PIB, em relação ao IDH, o Estado ocupa a última posição no ranking nacional. De acordo com o sociólogo Carlos Martins, isto ocorre devido à alta concentração de renda no Estado.
No caso da realidade alagoana, a polarização é evidente: de um lado, temos 1% dos mais ricos (30 mil pessoas) com 28,4% da renda e, do outro, os 50% mais pobres (1,5 milhões de pessoas) com apenas 14%. O Índice de Gini (mede a desigualdade de distribuição de renda) do Estado, que em 2001 era 0,607, caiu para 0,583 em 2008, acompanhando o fenômeno nacional de desconcentração de renda.
“Alagoas é um Estado que tem características atrasadas na sua formação colonial, que não se modernizou e, portanto, pagamos o ônus a todo atraso. Não fizemos reforma agrária, não resolvemos as questões sociais, nossos indicadores são baixos, somos pobres economicamente e socialmente problemáticos, porque a renda é muito concentrada e todos os acessos aos bens públicos, como habitação, transporte, emprego, educação, saúde, apresentam déficits muito altos, portanto Alagoas é uma sociedade que não é moderna, ou seja, que não superou os seus problemas desde o tempo da colônia, do império. Daí que nós somos um dos Estados brasileiros mais atrasados, junto com Maranhão e Paraíba”, conclui Cícero Péricles.
“Cresce a pobreza, diminui a classe média, aumenta a classe pobre. Em Alagoas existe hoje o pobre de marré dessi e o rico industrial. O mais alarmante é que a pobreza aqui tem cor, as comunidades quilombolas, as comunidades indígenas, as comunidades rurais, independente de seu recorte étnico, são as populações que precisam que a assistência social seja implementada respeitando o princípio da especificidade”, completa o sociólogo Carlos Martins.
De acordo com o sociólogo, a política de Proteção Social é a principal ferramenta para a erradicação da pobreza no Estado. Os programas de transferência de renda do governo federal têm importância primordial na melhoria dos Índices de Desenvolvimento Humano, uma vez que proporcionam acesso aos itens básicos, como alimentação, saúde e educação.
Em concordância com Carlos Martins, Cícero Péricles acredita que é evidente que a assistência social tem um papel decisivo, não somente a assistência social, que caracteriza um tratamento com os indigentes, mas o papel importante no que diz respeito às políticas públicas no geral.

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