quinta-feira, 26 de maio de 2011

Programa de Bolsas para Trabalhos de Conclusão de Curso


    

PROGRAMA DE BOLSAS PARA TRABALHOS DE CONCLUSÃO DE CURSO (TCC)

7ª EDIÇÃO
Inscrições de 20/05 a 20/07 de 2011
Acesse: www.informacao.andi.org.br

Um dos períodos de maior desafio para os estudantes de graduação é aquele em que devem construir seus Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC). As monografias finais constituem-se em um importante elemento na formação profissional e intelectual.

Entendendo a relevância dessa etapa, a ANDI – Comunicação e Direitos, por meio do Programa InFormação, e o Instituto Alana, através do Projeto Criança e Consumo, oferecem bolsas a alunos que pretendam elaborar seus TCC focados na relação entre Criança, Consumo e Mídia. Realizado desde 2007, o programa de bolsas seleciona trabalhos relacionados à Comunicação e à agenda social brasileira.

AS BOLSAS
Serão concedidas 07 (sete) bolsas de R$ 390,00/mensais (trezentos e noventa reais por mês), durante 6 (seis) meses, para os(as) estudantes universitários(as) que se comprometerem a realizar seus TCC com foco na:
i.    Interface geral entre "Criança, Consumo e Mídia" (3 bolsas);
ii.   Temática especial "
Publicidade de alimentos e interfaces com a obesidade infantil" (2 bolsas);
iii.   Temática especial "Desafios para a autorregulamentação da publicidade" (2 bolsas).

QUEM PODE PARTICIPAR
Podem concorrer às bolsas estudantes de graduação de quaisquer Instituições de Ensino Superior brasileiras [o Programa não está restrito a estudantes de Jornalismo ou Comunicação].

PROJETOS
Para concorrer a uma das bolsas ofertadas, o candidato deve preparar, com o auxílio de um professor orientador, um projeto de TCC de acordo com os parâmetros definidos no Edital (acesse o Edital aqui). Serão escolhidos trabalhos que venham a ser produzidos e defendidos até 31/01/2012.

INSCRIÇÕES
As inscrições para o Programa de Bolsas para TCC ocorrerão de 20/05 a 20/07 de 2011. É necessário realizar uma pré-inscrição online, no sítio do Programa InFormação (www.informacao.andi.org.br). Posteriormente, deve-se enviar à Coordenação de Relações Acadêmicas da ANDI, até o dia 25/07 de 2011 (valendo a data de postagem), o projeto conforme as regras definidas no Edital do concurso.

RESULTADOS
Os contemplados serão conhecidos até o dia 15/08 de 2011, podendo ser antecipado o resultado;

DIVULGAÇÃO
Nesta edição do programa, os(as) bolsistas e orientadores(as) também irão produzir artigos acadêmicos que permitirão divulgação mais ampla dos conhecimentos produzidos. Os textos serão disponibilizados para download e poderão integrar coletâneas como "Infância e consumo: estudos no campo da comunicação I " (baixe aqui) e o "Infância e consumo: estudos no campo da comunicação II" (baixe aqui).

CONHEÇA O EDITAL
Acesse o Edital de Premiação completo na página eletrônica do Programa InFormação, na seção “Bolsas para Trabalhos de Conclusão de Curso”, ou clique aqui.

Realização    Parceria estratégica
    

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Maranhão é o estado mais negro do Brasil

A data é lembrada pelo Dia da Abolição da Escravidão. No MA, mais de 70% da população se autodeclara negra. A lida no campo é de sol a sol. Em Itapecuru Mirim, no norte do Maranhão, fica o quilombo
Felipa, onde vivem 46 famílias descendentes de escravos trazidos da Ilha de Bolore, em Guiné Bissau, na África. O Maranhão é um dos estados com maior percentual de negros do país. Mais de 70% da
população se autodeclara negra e lá também é encontrada grande quantidade de quilombos. Segundo o Centro de Cultura Negra, existem 527 comunidades quilombolas no estado, massomente 23 delas têm o título de propriedade. Cento e vinte e três anos depois da libertação,
os descendentes de escravos que vivem em quilombos ainda lutam pelo direito à terra. Com poucos recursos para produzir, muitos quilombolas vivem em situação de pobreza. Os indicadores sociais são desanimadores. A maioria dos adultos mal sabe ler e escrever.
Neste dia 13 de maio, comunidades quilombolas de várias partes do Maranhão estarão reunidas. A festa será ao som de tambor de crioula, dança típica dos quilombos. Henrique França, coordenador do Centro de Cultura Negra do Maranhão, comenta que celebrar o dia 13
de maio é acima de tudo, denunciar e refletir contra o racismo.

Fonte: Clipping da 6ªCCR do MPF.

Desigualdade racial se agrava no Brasil, diz relatório da UFRJ‏

O Relatório Anual das Desigualdades Raciais no Brasil 2009-2010, lançado na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), aponta a persistência e o agravamento da desigualdade entre pretos e pardos, de um lado, e brancos.

O trabalho, produzido pelo Laboratório de Análises Econômicas, Históricas, Sociais e Estatísticas das Relações Raciais (Laeser) da UFRJ, mostra, por exemplo, que em 2008 quase metade das crianças afrodescendentes de 6 a 10 anos estava fora da série adequada, contra 40,4% das brancas. Na faixa de 11 a 14 anos, o porcentual de pretos e pardos atrasados subia para 62,3%.

Os resultados contrastam com avanços nos últimos 20 anos. A média de anos de estudo de afrodescendentes foi de 3,6 anos para 6,5 entre 1988 e 2008, e a taxa de crianças pretas e pardas na escola chegou a 97,7%. Mesmo assim, o avanço entre pretos e pardos foi menor. Na saúde, subiu a proporção de afrodescendentes mortas por causa da gravidez ou consequências. 'Não quer dizer que as coisas estejam às mil maravilhas para os brancos, mas os pretos e pardos são os mais atingidos', diz um dos coordenadores, o economista Marcelo Paixão.

Com 292 páginas, o trabalho é focado nas consequências da Constituição de 1988 e seus desdobramentos para os afrodescendentes. Para produzir o texto, os pesquisadores do Laeser recorreram a bases de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), dos Ministérios da Saúde e da Educação e do Sistema Único de Saúde (SUS), entre outros. Foram abordados temas como Previdência, acesso ao sistema de saúde, assistência social e ensino.


O estudo constata que o estabelecimento do SUS beneficiou mais pretos e pardos (66,9% da sua população atendida em 2008) do que brancos (47,7%), mas a taxa de não cobertura (proporção dos que não conseguem atendimento) dos afrodescendentes foi de 27%, para 14% dos brancos. 'A Constituição de 1988 não foi negativa para os afrodescendentes, mas, do ponto de vista de seu ideário, ainda é algo a ser realizado', diz Paixão, reconhecendo que há brancos prejudicados, em menor proporção.

Em 2008

40,9% das mulheres pretas e pardas nunca haviam feito mamografia, contra 22,9% das brancas 18,1% das mulheres pretas e pardas nunca haviam feito papanicolau (13,2% entre as brancas)


FONTE: http://estadao.br.msn.com/ciencia/desigualdade-racial-se-agrava-no-brasil-diz-relat%C3%B3rio-da-ufrj?wa=wsignin1.0

Analfabetismo entre negros é o dobro

Varias pecas de xadrez branca juntas de um lado e uma peca de xadrez preta afastada
A taxa de analfabetismo das pessoas negras no Brasil, segue sendo maior que o dobro do que ocorre entre as pessoas brancas, correspondendo a 71,6% do 6,8 milhões considerados analfabetos. Esse é um dos indicadores constantes do Relatório Anual das Desigualdades Raciais no Brasil – 2009/2010.


Veja os outros principais indicadores


1. Afrodescendentes têm menor chance de acesso ao sistema de saúde. Taxa de não cobertura ao sistema chega a quase 27% (brancos, no entorno de 14%)


2. Entre 1986 e 2008 a Taxa de Fecundidade Total (TFT) de mulheres negras (48,8%) cai de forma mais acelerada que das mulheres brancas (36,7%), mas as negras se sujeitam com mais intensidade às laqueaduras. Quase 30% em idade fértil estão esterilizadas; brancas, 21,7%)


3. Mulheres negras têm menor acesso aos exames ginecológicos preventivos: 37,5% nunca fizeram exame de mamas (brancas, 22,9%), 40,9% nunca fizeram mamografia (brancas, 26,4%), 15,5% jamais fizeram o Papanicolau (brancas, 13,2%)


4. Cresce o peso relativo de Aids junto à população negra, especialmente no sexo feminino. Desde 2006, a taxa de mortalidade por 100 mil habitantes das negras é superior à das brancas. Letalidade da Aids é maior entre os negros


5. A população negra é mais acometida pela infecção e morte por sífilis. No ano de 2008, do total de bebês infectados por sífilis congênita, 54,2% eram negros.


6. Mães de crianças negras têm menor acesso ao exame pré-natal (somente 42,6% fizeram mais de sete exames; no caso das brancas, 71%) e recebem atendimento menos cuidadoso no sistema de saúde, sugerindo a presença do racismo institucional. Por exemplo, mães que fizeram exame ginecológico até dois meses depois do parto: 46,0%, entre as gestantes brancas; 34,7%, entre as gestantes pretas & pardas.


7. Mães de crianças negras têm maior probabilidade de falecer por mortalidade materna. Morrem por dia cerca de 2,6 mulheres afrodescendentes por causas maternas (mulheres brancas, 1,5 por dia)


8. Negros são os mais beneficiados pelo Programa Bolsa-Família. Uma em cada quatro famílias chefiadas por afrodescendentes recebia o PBF (brancos, 9,8%). Peso deste Programa junto a esta população tem maior efeito no alívio das situações de Insegurança Alimentar extremadas. Por exemplo, o PBF permitiu a elevação do consumo de arroz por parte dos pretos & pardos em 68,5%, ao passo que entre os brancos o aumento foi de 31,5%. No caso do feijão ocorreu elevação no consumo pelos pretos & pardos de 68,0%, frente a 32,0% no aumento do consumo entre os brancos


9. Crianças e adolescentes afrodescendentes entre 4 e 17 anos são mais dependentes da merenda escolar para sobreviver: 60,6% são usuários deste tipo de recurso (brancas: 48,1%)


10. População negra tem menor probabilidade de acesso à Previdência Social. Em 2008, peso relativo dos trabalhadores pretos & pardos com acesso ao sistema era dez pontos percentuais menor em relação aos brancos. No caso das mulheres negras 20% das seguradas o eram na condição de Segurada Especial (entre as mulheres brancas, 10%)


11. Estudo especial da Unicamp feito para o Relatório mostra que negros tem menor esperança de sobrevida no conjunto das faixas de idade selecionadas. Fator Previdenciário aprofunda desigualdades raciais


12. Relatório revela que a Constituição de 1988 não é cumprida quando se trata do acesso da população negra ao sistema escolar. Descumprimento é generalizado. Entre as crianças negras entre 11 e 14 anos nem metade estudava na série esperada.


13. Crianças e adolescentes negros têm pior desempenho escolar e sofrem com condições de ensino mais precárias. Taxa de crianças negras estudando em escolas públicas é de 90% (brancas 80%). Mais de um terço das escolas públicas frequentadas por alunos negros tem ou nenhuma ou pouca condição de adequação de infraestrutura. Nem 20% têm condições de segurança boa ou muito boa


14. Jovens afrodescendentes são mais expostos ao abandono escolar e à frequência à escola em idade superior à desejada. Um em cada quatro jovens negros que fizeram o ENEM tiveram relatos de ter sofrido discriminação racial


15. Vinte anos depois da Constituição de 1988, a taxa de analfabetismo das pessoas negras segue sendo mais que o dobro do que a das pessoas brancas. 6,8 milhões de pessoas em todo país que frequentam ou tinham frequentado a escola são analfabetos, os pretos & pardos correspondem a 71,6% deste total.


16. Crianças afrodescendentes com idade inferior a 6 anos têm mais dificuldade para ingressar nas creches e no sistema regular de ensino. 84,5% das crianças negras de até 3 anos não frequentavam creches; 7,5% das crianças negras de 6 anos estavam fora de qualquer tipo de escola e apenas 41,6% estavam no sistema de ensino seriado


17. Réus vencem causas nos tribunais com maior frequência diante dos casos de denúncia de racismo. 66,9% nos Superiores Tribunais de Justiça. 58,5% nos Tribunais Regionais do Trabalho de 2ª instância


18. O Relatório Anual das Desigualdades Raciais traz, ainda, dados inéditos sobre desigualdades raciais contra pessoas afrodescendentes nos EUA, Cuba, Equador, Colômbia, Uruguai e Comunidade Europeia.


Fonte: Afropess

Situação das mulheres negras

De 1986 a 2008, caiu em 48,8% a taxa de fecundidade entre mulheres negras no país. Uma queda mais acelerada do que entre entre as brancas (36,7%) no mesmo período.

Mas,
As negras se sujeitam com mais intensidade às laqueaduras: quase 30% em idade fértil estão esterilizadas.
Entre as brancas, este percentual é menor: 21,7%.

Outra coisa:
Mulheres negras têm menos acesso a testes ginecológicos preventivos: 37,5% nunca fizeram exame de mamas. No universo das brancas, só 22,9% nunca fizeram.

FONTE: Relatório Anual das Desigualdades Raciais no Brasil 2009-2010, coordenado pelo professor Marcelo Paixão.

Estudo revela que fator previdenciário aprofundou injustiças raciais

O fator previdenciário, implementado no fim da década de 90 para tentar resolver o déficit no caixa da Previdência, prejudica principalmente a população negra. 

A constatação é do Relatório Anual de Desigualdades Raciais no Brasil 2009-2010, do Laboratório de Análises Econômicas, Históricas, Sociais e Estatísticas das Relações Raciais (Laeser) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
O estudo foi lançado, nesta terça-feira (19), e procura analisar os efeitos da Constituição de 1988 sobre as assimetrias raciais no Brasil.
Um dos autores do estudo, o professor de economia Marcelo Paixão, disse que, apesar de não se tratar de uma política contra negros, ao ignorar variáveis fundamentais e as diferenças que existem entre os grupos, ela acaba atuando contra o negro.

Expectativa de vida

"O problema do fator previdenciário é que ele faz a mesma conta para grupos com expectativas de vida distintas. O estudo mostra que os negros são os que menos se beneficiam do direito e que têm o menor tempo de usufruto do benefício. Isto porque é fato que a população negra tem menor expectativa de vida e contribui menos tempo para a Previdência".

Num dos gráficos da pesquisa, negros e pardos com 80 anos ou mais representam 38,7%, enquanto os brancos aparecem com 60,8%.
O estudo aponta também que a população negra tem maior instabilidade com relação ao vínculo de trabalho, com taxa de desemprego e de informalidade maior, contribuindo menos tempo que os brancos para a Previdência.

O fator previdenciário é uma fórmula que leva em conta o tempo de contribuição do trabalhador, idade e expectativa de vida na aposentadoria.

Quanto mais velho e quanto maior for o tempo de contribuição do trabalhador, maior será o valor da aposentadoria.

O economista lembrou, entretanto, que a Previdência Social, no marco constitucional, foi positiva para a população negra."Sobretudo pelo segurado especial [aposentadoria rural], onde negros e pardos representam o dobro dos brancos nas ocupações agrícolas, e pelo estabelecimento do piso nacional, porque boa parte da população negra não recebia sequer o piso antes da Constituição. A desigualdade de renda derivada da Previdência diminuiu bastante nesses 20 anos".

Bolsa Família

O Bolsa Família também aparece no estudo como uma iniciativa positiva para a população negra, já que uma em cada quatro famílias brasileiras chefiadas por pretos ou pardos recebe o benefício, representando quase 70% dos participantes do programa.

Segundo o pesquisador, o estudo mostra que a Constituição tem contribuído para a diminuição das desigualdades raciais, mas a promessa de tornar os direitos universais está longe de ser cumprida. "Esses 20 anos foram poucos. O marco legal existe, mas ainda temos muito trabalho pela frente".

Fonte: Diap

Que democracia racial é essa?



13 MAIO 2011 SEM COMENTÁRIOS
Apesar da redução das disparidades propiciadas por programas de segurança alimentar, como o Bolsa Família, o abismo que separa brancos e negros no Brasil continua gigantesco. Essa é uma das conclusões do 2º Relatório Anual de Desigualdades Raciais, divulgado no dia  19/04, pelo Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Por Rodrigo Martins* (22/04/11)
Os indicadores foram compilados a partir de diferentes bases de dados do IBGE, dos Ministérios da Saúde e Educação, entre outras instituições públicas. O estudo revela que os afrodescendentes têm menor acesso ao sistema de saúde (uma taxa de não cobertura de 27%, frente aos 14% verificados entre a população branca), a exames ginecológicos preventivos, ao pré-natal e sofrem com uma taxa maior de mortalidade materna.
Por dia, morrem cerca de 2,6 mulheres negras ou pardas por complicações na gestação, enquanto este mesmo problema acomete 1,5 mulheres brancas. Entre 1986 e 2008, a taxa de fecundidade das afrodescendentes caiu de forma mais acelerada (48,8%) que a das brancas (36,7%). No entanto, as mulheres negras ou pardas se sujeitam com mais intensidade a procedimentos radicais de contracepção, como as laqueaduras. Quase 30% dessa população em idade fértil estavam esterilizados em 2006, frente a uma taxa de 21,7% das mulheres brancas.
“Ninguém é contra o planejamento familiar. A queda na taxa de natalidade representa uma melhora na qualidade de vida das pessoas. Mas as afrodescendentes poderiam ter acesso a formas menos agressivas de intervenção”, avalia o economista Marcelo Paixão, coordenador do relatório. “A esterilização é uma solução radical demais. É como arrancar um dente para não tratar uma cárie. Por isso, causa preocupação o fato de parte dessa redução da fecundidade estar associada às laqueaduras.”
Nos últimos 20 anos, a média do tempo de estudos dos afrodescendentes acima de 15 anos passou de 3,6 anos para 6,5. Mesmo assim, está muito aquém da população branca, hoje com uma média de 8,3 anos de estudo. Além disso, 45,4% das crianças negras ou pardas entre 6 e 10 anos estudavam na série inadequada em 2008, frente ao percentual do 40,4% dos brancos. Entre as crianças de 11 e 14 anos, o problema é ainda mais grave, pois 62,3% dos afrodescendentes não estudavam na série correta. Entre os jovens brancos, a inadequação atingia 45,7%.
Por outro lado, as famílias negras ou pardas beneficiadas pelo Bolsa Família conseguiram aumentar a quantidade de alimentos consumidos em proporção superior (75,7%) à das famílias brancas (70,1%). A elevação no consumo de arroz entre os afrodescendentes foi de 68,5%. Brancos: 31,5%. No caso do feijão, o consumo dos negros e pardos cresceu 68%. Brancos: 32%.
“Apesar de melhorar a segurança alimentar dos afrodescendentes, o que é importantíssimo, em todos os outros setores se percebe que a discrepância entre brancos e negros prevalece”, comenta Paixão. “Devido às elevadas taxas de desemprego, rotatividade no mercado de trabalho e informalidade, os negros e pardos têm um acesso bem menor à cobertura da Previdência Social. A diferença chega a dez pontos percentuais na população masculina e 20% entre as mulheres”, completa.
Outro dado que chama a atenção é o baixo índice de condenação por crimes de racismo no Brasil. Entre 2007 e 2008, 66,9% dos casos julgados nos Tribunais de Justiça de todo o país foram vencidos pelos réus e apenas 29,7% das supostas vítimas saíram vitoriosas. Na primeira instância, as vítimas tiveram sua demanda judicial contemplada em 40,5% dos acórdãos.
“Talvez os magistrados ainda acreditem no mito da democracia racial brasileira e, por isso, sejam mais brandos nas condenações e na aplicação das penas”, especula o professor da UFRJ. “Pela lei, o racismo é um crime inafiançável e imprescritível, mas não tenho notícia de um único racista condenado à prisão no Brasil. Vejo apenas punições pecuniárias, sobretudo indenizações, e pedidos de desculpas formais.”
*Rodrigo Martins é repórter da revista CartaCapital. Trabalhou como editor assistente do portal UOL e já escreveu para as revistas FocoEconomia e NegóciosSustenta!Ensino Superior e Revista da Cultura, entre outras publicações. Em 2008 foi um dos vencedores do Prêmio Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos.
Fonte: CartaCapital

Discriminação nas escolas e nos livros prejudica desempenho de alunos negros


Amanda Cieglinski
Repórter da Agência Brasil
 


Elza Fiuza/ABr
Brasília - Humberto Borges, 18 anos, aluno do curso de Letras da Universidade de Brasília (UnB) defende que o sistema de cotas para negros estimula o diálogo sobre a questão racial
Brasília - Humberto Borges, 18 anos, aluno do curso de Letras da Universidade de Brasília (UnB) defende que o sistema de cotas para negros estimula o diálogo sobre a questão racial
Brasília - Ao comparar a trajetória escolar de negros e brancos, as disparidades não se concentram apenas no acesso à universidade  mas em todas as etapas do ensino.

Os negros são maioria  no contingente de analfabetos do país - somando 9 milhões do total de 14 milhões – e estão mais atrasados nos estudos do que o restante da população.

Para o coordenador do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros da Universidade de Brasília (UnB), Nelson Inocêncio, a diferença no rendimento reflete uma escola e um sistema de ensino que não acolhe a população negra.

“A escola diz que o grupo do outro [dos brancos] é a grande referência para a humanidade. Foi o grupo do outro que construiu, ele representa a civilização. E o meu grupo [negros] não representa nada. Isso é colocado de forma persistente nos livros, nas lições, e o aluno vai obter reações muito negativas em relação ao processo. Ele se pergunta: na medida em que a escola não me reconhece, que sentido faz eu estar na escola?”, aponta.

Fonte: http://www.educacionista.org.br/jornal/index.php?option=com_content&task=view&id=999

Em 2007, cerca de 85,2% dos brancos na faixa de 15 a 17 anos de idade, estavam estudando, sendo que 58,7% freqüentavam o nível médio, adequado a esse grupo etário. Já entre os pretos e pardos dessa faixa etária, 79,8% freqüentavam a escola, mas apenas 39,4% estavam na série correta.

A mesma conclusão está no Relatório Anual das Desigualdades Raciais no Brasil, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Coordenado pelo professor Marcelo Paixão, o estudo compara, entre outros pontos, o desempenho de estudantes brancos e negros no Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb). Em 2003, as notas em matemática e português dos alunos brancos eram, em média, 7,5% maiores do que a dos pretos e pardos.

“Isso sugere que para as crianças e adolescente pretos e pardos incidem obstáculos adicionais ao desenvolvimento dos estudos, representados pela discriminação racial presente nos espaços escolares”, diz a pesquisa. Segundo o pesquisador, esse preconceito se manifesta de diferentes formas, desde atitude discriminatórias dos professores e colegas até livros didáticos que reforçam a invisibilidade dos negros, passando pelo conteúdo "antropocêntrico e pouco recepetivo à perspectiva da diversidade".

Luiana Maia, de 19 anos, aluna do curso de História da Universidade de Brasília (UnB) admitida pelo sistema de  cotas, diz que o tratamento dos professores aos alunos negros é diferente daquele dispensado aos brancos. “Ele já tem aquela concepção, ainda que inconsciente, do que é o negro. O cabelo da menina negra, por exemplo, é visto de forma diferente quando ela chega na escola com ele solto, mais arrepiado. A professora já pede para prender, fala para ter cuidado com piolho. Com a menina branca não é assim”, lembra.

Para ela, o material didático também não é adequado. “Os alunos negros não se sentem representados pelos próprios livros que usam. Ele se vê apenas no tronco, no açoite. O aluno só se vê na posição inferior, chega em casa abatido, aquilo impacta no desempenho”, compara.

Humberto Borges, 18 anos, aluno do curso de Letras que também ingressou na UnB pelo regime de cotas, conta que quando era adolescente sempre representava o Lobo Mau na peça de fim de ano da escola.

“Até que no último ano entrou um outro aluno negro na minha turma e quando a gente foi montar a peça o professor questionou: e agora, quem vai ser o Lobo Mau? O Humberto ou o fulano? Só então que eu fui perceber a sutileza”, conta.

Para o secretário de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade do Ministério da Educação, André Lázaro, a escola pública reproduz formas de exclusão que afetam diretamente a auto-estima do estudante e seu desempenho.

“O desafio da escola hoje é formar todos, seja qual for a condição de chegada. A escola pública hoje, ainda que de maneira inconsciente ou mecânica, produz formas de exclusão muito dolorosas. Para aprender você tem que confiar que você consegue aprender”, analisa.

sábado, 14 de maio de 2011

A cada três vítimas de homicídio, uma é negra


Gilson Monteiro – Repórter
Na sessão de ontem na Câmara Municipal, as estatísticas da situação do negro no país e em Alagoas traçaram uma radiografia que mostra poucos avanços no combate ao preconceito e ao racismo. O sociólogo Carlos Martins, da Fundação Palmares, apresentou levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), que concluiu que a cada três vítimas de homicídio, duas são de cor negra. Os dados são referentes ao período de 2005 a 2008. Diante dos dados, o sociólogo critica o fato das diferenças étnicas não serem levadas em consideração na hora de se elaborar projetos.
“Isso demonstra que os avanços são mínimos. Os gestores criam programas, projetos sem levar em consideração esse tipo de dado. Enquanto agirem assim, muita coisa que vem sendo feita não vai funcionar. É preciso considerar esse recorte da realidade para que as políticas das mais diversas áreas funcionem”, teoriza o especialista.
O coordenador do escritório do Unicef para Alagoas, Pernambuco e Paraíba, Salvador Soler Lostao, trouxe outra dado referente a Alagoas também preocupante. No país, 62% das crianças que estão fora da sala de aula são negras. Em Alagoas, esse índice sobe para 81%.
“Se nacionalmente o índice já é preocupante, chegando aos 62%, em Alagoas alcançamos os 81%. É um número que nos traz um retrato da condição do negro na sociedade”, afirma Lostao, apontando propostas para resolver o problema.
“Para pelo menos amenizar esses índices, é necessário melhorar toda a estrutura que deixa essas crianças fora da sala de aula, e que mais na frente, integrarão o universo de pessoas marginalizadas no mercado de trabalho. As soluções passam invariavelmente em investimento na educação, na qualidade de vida desses cidadãos. A Declaração Universal dos Direitos Humanos prima pelo respeito à dignidade humana, e esse direito não tem sido respeitado em muitos casos”, disse o coordenador do Unicef.

domingo, 8 de maio de 2011

Raio X da Pobreza em Alagoas: 62% da população é considerada pobre

62% dos alagoanos são considerados pobres e mais da metade se beneficia do Programa Bolsa Família

CadaMinuto inicia hoje uma série de cinco matérias feitas pela graduanda em jornalismo Juliana Duarte que faz uma análise sobre a assistência social em Alagoas, o trabalho que vai ser apresentado pela estudante como TCC começa hoje com um estudo sobre os aspectos sociológicos e econômicos dos indicadores sociais no Estado.
Veja abaixo:
De acordo com dados do Radar Social do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), 62% dos alagoanos são considerados pobres e mais da metade se beneficia do Programa Bolsa Família. Apesar dos baixos indicadores sociais, Alagoas vem evoluindo rapidamente desde os anos 90, quando mais avançou nas áreas de educação e saúde.
Segundo o economista Cícero Péricles, esse crescimento se deve aos investimentos na área social, principalmente no que diz respeito à educação e à saúde pública.
“Numa economia muito pobre como essa, quando mais da metade da população vive na pobreza e uma parte considerável na indigência, é evidente que a assistência social tem um papel decisivo”.
Apesar das melhorias significativas na área social, Alagoas, com índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de 0,677, ainda está longe de alcançar as médias nordestina e nacional, que são, respectivamente, 0,720 e 0,794. Isso se deve ao atraso na economia e na renda, visto que, segundo pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2009, dos nove estados nordestinos, Alagoas ocupa a sétima posição com Produto Interno Bruto (PIB) de 17.793, superando apenas os estados de Sergipe e Piauí, com 16.896 e 14.136, respectivamente.
Ainda segundo o IBGE, o PIB do Estado representa apenas 40% da média nacional, sendo também 20% menor que a média nordestina. Embora Alagoas esteja a frente de Sergipe e Piauí no que diz respeito ao PIB, em relação ao IDH, o Estado ocupa a última posição no ranking nacional. De acordo com o sociólogo Carlos Martins, isto ocorre devido à alta concentração de renda no Estado.
No caso da realidade alagoana, a polarização é evidente: de um lado, temos 1% dos mais ricos (30 mil pessoas) com 28,4% da renda e, do outro, os 50% mais pobres (1,5 milhões de pessoas) com apenas 14%. O Índice de Gini (mede a desigualdade de distribuição de renda) do Estado, que em 2001 era 0,607, caiu para 0,583 em 2008, acompanhando o fenômeno nacional de desconcentração de renda.
“Alagoas é um Estado que tem características atrasadas na sua formação colonial, que não se modernizou e, portanto, pagamos o ônus a todo atraso. Não fizemos reforma agrária, não resolvemos as questões sociais, nossos indicadores são baixos, somos pobres economicamente e socialmente problemáticos, porque a renda é muito concentrada e todos os acessos aos bens públicos, como habitação, transporte, emprego, educação, saúde, apresentam déficits muito altos, portanto Alagoas é uma sociedade que não é moderna, ou seja, que não superou os seus problemas desde o tempo da colônia, do império. Daí que nós somos um dos Estados brasileiros mais atrasados, junto com Maranhão e Paraíba”, conclui Cícero Péricles.
“Cresce a pobreza, diminui a classe média, aumenta a classe pobre. Em Alagoas existe hoje o pobre de marré dessi e o rico industrial. O mais alarmante é que a pobreza aqui tem cor, as comunidades quilombolas, as comunidades indígenas, as comunidades rurais, independente de seu recorte étnico, são as populações que precisam que a assistência social seja implementada respeitando o princípio da especificidade”, completa o sociólogo Carlos Martins.
De acordo com o sociólogo, a política de Proteção Social é a principal ferramenta para a erradicação da pobreza no Estado. Os programas de transferência de renda do governo federal têm importância primordial na melhoria dos Índices de Desenvolvimento Humano, uma vez que proporcionam acesso aos itens básicos, como alimentação, saúde e educação.
Em concordância com Carlos Martins, Cícero Péricles acredita que é evidente que a assistência social tem um papel decisivo, não somente a assistência social, que caracteriza um tratamento com os indigentes, mas o papel importante no que diz respeito às políticas públicas no geral.